Foto dos relógios Seiko Presage Classic SPB463 e SPB469
Foto do relógio Seiko Presage Classic SPB467
Foto do relógio Seiko Presage Classic SPB465
Foto do relógio Seiko Presage Classic SPB471
Exposição 2

Tingida em Beleza Natural

A Série Seiko Presage Classic
surge como resposta à questão
"O que é 'beleza funcional' no Japão?"
Conceptualizando uma adopção
ograciosa da beleza do Japão,
a série reúne uma sensibilidade japonesa tradicional
e uma elegância sofisticada num relógio intemporal,
alimentado por um movimento mecânico made in Japan.
Junto com a série Presage,
o Museu Presage serve de plataforma para ilustrar a consciência estética que se desenvolve em várias partes do Japão.
Nesta segunda edição, procuramos descobrir mais sobre quem acolhe a natureza e herda as sensibilidades japonesas.

A Trazer o Espírito da Natureza
para o Quotidiano através da Beleza Funcional

Shoji Shimura, Director do Atelier Shimura

Numa oficina num beco despretensioso na zona ocidental de Quioto, o Atelier Shimura transforma plantas e ingredientes vegetais em peças em seda impregnadas com o espírito da Natureza, que envolvem o utilizador e realçam o conceito de "beleza funcional". Respeitando a filosofia do atelier de levar a natureza e a arte para as vidas diárias dos seus clientes, Shoji Shimura dá continuidade ao espírito artístico do tingimento da sua avó.

A Estética Japonesa Realça a Beleza Funcional

Incorporando os Espíritos de Plantas e Árvores

A utilização de raízes, bagas e plantas para dar cor a fios, é uma tradição antiga em muitas culturas. No Atelier Shimura, o processo quase parece um ritual místico. Como alguém explica, "Estamos gratos às plantas e às suas cores. Por isso, para recebermos a vida das plantas, queremos realçar a suas belíssimas cores nos nossos produtos. No passado, as pessoas constumavam pensar de várias formas na transferência dos espíritos de plantas e árvores para os fios e, ao descreverem o seu amor pela vida das plantas e das árvores, faziam-no como uma espécie de oração onírica.

Segundo o Atelier Shimura, a palavra japonesa kusaki-zome, aplicada ao tingimento natural usando plantas e vegetais, começou por ganhar valor no início do século XX, distinguindo este processo tradicional das práticas mais modernas que usavam químicos.

Continuar Consciente da Natureza como Ser Vivo

O Sr. Shimura explica que o conceito da marca Shimura teve origem com a sua avó, Fukumi Shimura. Ele dá continuidade ao seu espírito artístico, focando-se em imbuir o seu trabalho com um espírito de "natureza" e "arte".

Continua, afirmando "A outra questão é, claro, a transmissão da técnica. Estamos também envolvidos no método tradicional de tingimento de fios de seda oriundos de bichos-da-seda, tingindo-os com plantas e árvores e tecendo-os manualmente. Temos consciência de que a própria Natureza é um ser vivo, e quando criamos os nossos trabalhos, dizemos muitas vezes que "estamos a conversar com a natureza".

À pergunta sobre a ideia de beleza funcional, o Sr. Shimura explica: "O nosso trabalho é muito focado na beleza funcional porque estes objectos são usados no nosso quotidiano. Têm um uso no sentido de serem úteis no dia-a-dia, e também no sentido de contribuírem para a espiritualidade humana. Em relação ao contributo que dão a este nível, um dos aspectos da arte popular é o conceito de 'familiaridade inferior', que significa que as pessoas se familiarizam com a própria ideia de familiaridade. Isto é muito importante no movimento da arte popular, e é também essencial rodearmo-nos de coisas que enriquecem as nossas vidas.

Um Contínuo de Cores que Mudam com as Estações

As cores, entretanto, encontram-se num contínuo de constante mudança, explica. "No mundo das cores das plantas, o entendimento japonês é de cor em transição. É um dos conceitos centrais da vida diária no Japão, o de que as cores não estão fixas, que mudam com o tempo. As cores das plantas variam de acordo com as estações, por isso também temos uma rotação de ingredientes, incluindo flores de cerejeira, flores de ameixoeira, e elementos de outras árvores que combinamos. Neste processo, as pétalas das flores de cerejeira não morrem. Elas dão cor aos nossos tecidos. As cores mudam e tornam-se mais melancólicas com o passar do tempo."

Uma Subtileza que Evoca a Estética Japonesa

Quando lhe pedimos para comentar a série Presage Classic, o Sr. Shimura diz com admiração, "Uma forma de incorporar a cultura japonesa clássica na vida moderna actual, é não a exprimir de forma muito óbvia, mas antes com subtileza, integrando um apontamento de cultura japonesa."

Na série Seiko Presage Classic, a cor shiroiro(branco puro) representa a cor da seda crua, e significa também algo puro e natural.

Sumiiro (preto-tinta) é também uma cor intrigante. O entendimento da cor no Período Edo (1603-1867) incluía 48 tons de castanho e 100 tons de cinzento. Entre este tons infinitos, um deles é a cor do preto-tinta, especialmente popular entre os homens pelo seu tom profundo e rico.

Araigaki dióspiro esbatido) evoca a cultura de Edo. Durante o Período Edo, o Xógunato impôs éditos contra a roupa de luxo. Para contrariar esta proibição, surgiu uma cultura de padrões intrincados aplicados nos forros entre as pessoas comuns. A cor araigaki foi usada para forros e representa o sentido sofisticado de moda do Período Edo.

Sensai-cha tem um tom de verde com um toque de castanho. Esta cor é muitas vezes usada em salas de chá e reflecte a estética japonesa, que acolhe a imperfeição e a simplicidade.

"Outra coisa", continua, "é que os relógios assentam sobre a nossa pele. São como parceiros próximos que tratamos com amor e carinho. O relógio deve ser tratado com amor por quem o usa, e quem o usa deve ser tratado com amor pelo relógio, para que ambos possam crescer juntos como parceiros de longa data. Penso que isto se enquadra na ideia de beleza funcional."

Foto de Shoji Shimura, Director do Atelier Shimura

Shoji Shimura, Director do Atelier Shimura

Foto da colecção Seiko Presage Classic Series
Foto de Shoji Shimura
Foto do relógio Seiko Presage Classic SPB463

Objectos com beleza funcional são úteis no dia-a-dia e contribuem também para a espiritualidade humana. Tal como roupa tingida com ingredientes naturais, os relógios que estão em contacto com a nossa pele são os nossos parceiros mais próximos, e devemos tratarmo-nos com amor e carinho mútuos.

  • Foto 1 de Sagano

A área de Sagano a ocidente de Quioto é para onde se mudou o Imperador Saga, um líder cultural no início do período Heian (794-1185). Encontram-se aqui muitos templos famosos, tais como o Daikaku-ji (estabelecido a partir da herança do palácio isolado do Imperador Saga, no início da era Heian). Desde então, a zona tem sido conhecida como local de caça e lazer, e muitas quintas aristocráticas foram aqui construídas. Com inúmeros festivais históricos e eventos tradicionais, é uma região onde a história ganha verdadeiramente vida. Uma visita à área de Sagano permite-lhe apreciar a atmosfera calma e antiga reminiscente da Quioto clássica.

Coisas que Exprimem
a Beleza do Japão
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Seiko Presage Classic Series
Cultura Confeiteira de Quioto

Foto da Cultura Confeiteira de Quioto

Um Pouco Menos Perfeito
Uma Doce Tradição de Quioto

Inspirando-se numa Longa Tradição para
Criar Produtos com um Toque Moderno

Yoshikazu Yoshimura, oitava geração de proprietários de uma confeitaria japonesa em actividade desde 1803, explica o papel central do açúcar no passado histórico da loja. "Antigamente, o açúcar era demasiado caro para as pessoas comuns, mas, à medida que o período dos Estados Guerreiros dos séculos XV e XVI deu lugar à paz do Período Edo (1603-1867), a cultura popular foi-se desenvolvendo. O comércio evoluiu e o dinheiro começou a fluir de várias formas. Para controlar a oferta de açúcar, que continuava a ser precioso,
o Xógunato Tokugawa restringiu o número de confeitarias que podiam usá-lo."

Continua, explicando que a cultura confeiteira deu um verdadeiro salto no Japão durante o período Edo. "A confeitaria ocidental entrou no imaginário popular na era Meiji (um período de rápida modernização que começou em 1868)." Folheando um livro ilustrado de receitas de doces, desenhado à mão por um dos seus antecessores há mais de um século, comenta sobre alguns dos produtos tradicionais com um toque moderno da sua loja ("yokan fatiado", onde a tradicional pasta de feijão é comida sobre uma torrada com manteiga), e descreve um projecto colaborativo de criação de uma linha personalizada de doces para uma cadeia de lojas muito conhecida.

Foto de Yoshikazu Yoshimura, 8ª geração e representante de Kameya Yoshinaga

Yoshikazu Yoshimura
8ª geração, director e representante da Kameya Yoshinaga

Embrulhando o Tempo num Pacote Clássico

Ao descrever alguns dos traços que distinguem a cultura de Quioto, o Sr. Yoshimura frisa a importância do equilíbrio. Procura expandir a sua empresa, diz, mas é importante fazê-lo gradualmente e com respeito pela tradição. Também realça um aspecto essencial da estética japonesa, descrevendo um esforço colaborativo de confecção de doces. "Fiz uma peça de confeitaria com uma forma perfeita. Quando a mostrei ao designer de um cliente, comentou, "É bonita, mas demasiado bonita. Pode fazê-la um pouco menos perfeita?"

Ao ser-lhe pedido para comentar a série Presage Classic, o Sr. Yoshimura denota surpresa quando recorda, "O meu pai costumava ter um relógio Seiko com este tipo de bracelete, e quando o vejo agora, confunde-se de alguma forma com as minhas memórias da empresa. Não me recordo como me veio parar às mãos, mas a determinada altura tive um relógio como este - parece clássico."

Com o tempo como tema, o Sr. Yoshimura explica, "Quando estou a fazer doces, os intervalos de tempo são de extrema importância. No entanto, esse mesmo tempo é o tempo dos próprios doces. Quando estou a fazer doces, o tempo parece desaparecer num instante. Quando estou totalmente absorvido no meu trabalho, dou por mim a ser transportado para um lugar para lá do tempo."

  • Foto 1 da Tradição Doceira de Quioto

Demonstrando a criatividade do seu ofício, o Sr. Yoshimura desenhou um doce único para realçar as cores e a essência de cada relógio da série Presage Classic.

  • Foto 1 de Kameya Yoshinaga

Kameya Yoshinaga é uma loja histórica que está em actividade há mais de 220 anos. Preserva materiais valiosos como moldes em madeira para doces, catálogos de produto manuscritos, e receitas transmitidas desde os períodos Edo (1603-1867), Meiji (1868-1912) e Taisho (1912-1926).

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A Cultura do Chá de Quioto

Foto da Cultura do Chá de Quioto

Uma História Imbuída de Tradição

Folhas Distintas Aromatizadas
por Traços Regionais

Uji, uma pequena cidade da Prefeitura de Quioto, aninhada entre os centros culturais de Quioto e Nara, é conhecida pelo seu chá de alta-qualidade. Um website oficial sobre indústria traça as origens do chá de Uji até ao século XIII. Shogo Nakamura, o proprietário da Nakamura Tokichi Honten, uma loja de chá com uma história que recua até 1854, explica que, apesar de se cultivar chá em várias partes do Japão, cada região produz um tipo e um sabor distintos. Quioto, localizada a uma altitude mais elevada e uma das regiões de produção mais frias, destaca-se no cultivo de chá para matcha (chá verde em pó) e gyokuro (chá verde doce). Os melhores chás japoneses usados para matcha só se conseguem encontrar na área de Uji.

Foto de Shogo Nakamura, 7ª geração e representante do Nakamura Tokichi Honten

Shogo Nakamura
7ª geração, director e representante da Nakamura Tokichi Honten

Uns Salpicos de Inovação para Garantir a Evolução Contínua da Tradição

Ao descrever algumas das mudanças que a indústria enfrenta, o Sr. Nakamura refere a ligação próxima do negócio do chá com o clima sazonal. "Flutuações na precipitação ou na temperatura média em Março podem fazer com que as folhas tenham tamanhos totalmente diferentes. Este ano, a temperatura média em Julho foi muito alta. Apesar de não ser de todo invulgar ter temperaturas altas no Verão, se forem demasiado altas, as folhas ficam queimadas e o dano permanece até ao ano seguinte." Ao mesmo tempo, o Sr. Nakamura recomenda paciência e foco na essência do seu negócio, assim como inovação. "O nosso trabalho não é só vender o máximo possível de folhas de chá. Queremos criar algo novo e mostrar às pessoas o que é o nosso mundo. Espero alargar a nossa oferta e surpreender as pessoas com algo que possam apreciar." Um exemplo de inovação são as misturas espantosas de delicados doces feitos com chá da Nakamura Tokichi Honten.

Apesar dos séculos de tradição poderem parecer um fardo para algumas pessoas, o Sr. Nakamura carrega este peso com leveza. "Cresci mergulhado nesta tradição", explica, "por isso a tradição não é algo de museu para mim, e sim algo que está em constante evolução."

Subjacente a este sentido de tradição, o Sr. Nakamura reconhece algumas subtilezas culturais fortes como sendo especificamente japonesas. Em particular, acredita que a sensibilidade estética japonesa tem um forte sentido de cor. A este respeito, sente uma afinidade especial com a profundidade da cor sensaicha na série Presage Classic. "Não compreendo exactamente como foi feita", comenta, "mas parece que a base foi tingida de verde e depois foi aplicado castanho à cor principal."

Incorporar a cultura tradicional nos nossos estilos de vida através da cor é uma forma de inovar a tradição e renovar o seu fascínio.

  • Foto 1 do Nakamura Tokichi Honten